
Quando eu era pequena, costumávamos sair bem cedo de carro. Meu pai ia trabalhar do outro lado da cidade e eu e minha mãe ficávamos na casa dos meus avós no meio do caminho para passar o dia. O trânsito joinvillense não era tão complicado quanto é hoje, mas as distâncias obrigavam a sair cedo de qualquer forma. Eu devia ter uns 3 anos mais ou menos, na época ainda filha única de um casal com a mesma idade que eu tenho hoje. Saíamos por volta das 6h30, com as últimas horas do ar bem fresco de uma cidade de calor úmido sufocante. Os anos 90 eram outro universo e eu simplesmente me esparramava no banco de trás e ia meio dormindo, meio acordada. Em cima de mim, a cidade passava a 60km/h ou menos. Via pouco: apenas os pedaços mais altos de prédios e copas de árvores opulentas. Mas o corpo sentia cada buraco, cada curva - sabia exatamente onde estava no caminho já tan…