#82 Um cafezinho: Olhar de Cinema
Um super guia do que eu mais quero assistir no festival internacional de cinema de Curitiba, que começa semana que vem!
Nesta semana vamos fazer um pequeno desvio na nossa programação de sempre porque junho chegou e com ele o Olhar de Cinema, o festival internacional de cinema de Curitiba, que em 2024 está na sua 13ª edição. A cidade vai ficar movimentadíssima nesses nove dias de evento, de 12 a 20 de junho, com exibição de mais de 80 filmes, entre longas e curtas, que acontecerão em quatro locais: a Ópera de Arame, o Teatro da Vila, o Cine Passeio e o Cinemark do Shopping Mueller. Além das exibições vão acontecer diversos seminários, sessões de bate-papo e muita possibilidade de ouvir em primeira mão as equipes falando sobre seus filmes. Se você está em Curitiba, o cafezinho de hoje é um super guia com várias dicas para te ajudar a escolher o que assistir no festival.
Mas se você não está em Curitiba, a lista também serve como uma referência de quais filmes ficar de olho por aí. Muitos dos filmes das mostras competitivas também costumam ser exibidos em festivais de outras cidades ou ainda irão para as salas de cinema de todo o país no futuro. No caso das mostras que exibem filmes mais antigos (como a Olhares Clássicos e a Retrospectiva), são filmes que você pode encontrar para assistir em casa também.
Fiz uma seleção de 10 dos filmes que eu mais quero ver na lista de hoje (com alguns extras no final da lista), e ela é totalmente pessoal, baseada nos meus gostos e também nos temas que se relacionam com a newsletter. Mas tem muita coisa boa além desses e é sempre bom ir com aberto às possibilidades para encontrar novos filmes que você pode amar.
No site e no instagram do Olhar você encontra as sinopses e os trailers oficiais, assim como todas as informações técnicas de cada filme e os horários de exibição. A maioria deles será exibida no Cine Passeio e nas salas do Cinemark do Shopping Mueller, dois cinemas que ficam apenas duas quadras um do outro, então vai dar para fazer muita andança nesses dias! Em ambos os cinemas os ingressos custam o mesmo valor: 16 reais a inteira e 8 reais a meia entrada, e você pode comprá-los no site da Cinemark (para as sessões do Mueller), no Ingresso.com e nas bilheterias físicas. Todos os filmes também terão duas sessões ao longo do festival.
E vamos lá!
1. Caminhos cruzados (Crossing, 2024, dirigido por Levan Akin | Suécia, Dinamarca, França)
Lia é uma professora aposentada que parte da Geórgia rumo à Istambul junto com seu jovem vizinho Achi para cumprir uma promessa: encontrar sua sobrinha Tekla, uma mulher trans que está perdida há muito tempo. O filme já me chamou atenção por esse pôster lindo e olha, o trailer é mais lindo ainda. O diretor Levan Akin também dirigiu o filme E então nós dançamos (2019), que é um filme andante simplesmente maravilhoso. O filme está na competitiva internacional e já tem data de estreia geral: vai para os cinemas do país no dia 11 de julho e depois entra no catálogo da Mubi em 30 de agosto. Esse parece ser um filme altamente sensível, daqueles que faz a gente pensar por muito tempo. É imperdível!
2. Os filmes de Hou Hsiao-hsien na Mostra Retrospectiva
A Mostra Retrospectiva deste ano revisita e homenageia a obra do diretor Hou Hsiao-hsien. Acho que todos os filmes dessa mostra são imperdíveis: são filmes premiados em diversos festivais importantes, que são marcos do cinema em suas respectivas décadas e que influenciaram gerações de cineastas no mundo todo. Eu quero muito assistir Café Lumiere (que traz um jovem Tadanobu Asano, o Yabushige de Shōgun) e Millenial Mambo, filmes andantes do início dos anos 2000; A Assassina, que traz um pouco das artes marciais na China do século VII; e Poeira ao vento, um dos filmes da trilogia “coming of age” do diretor, que acompanha dois jovens em uma Taipei nos anos 70.
Millenial Mambo tem suas duas sessões no Cine Passeio e nesse momento em que eu escrevo há pouquíssimos lugares disponíveis em ambas as sessões. Tem poucos ingressos na sessão de Café Lumiere do Cine Passeio também, mas a do Mueller tem mais opções. Mas no geral, todas as sessões dessa mostra estão bastante movimentadas!
3. Retrato de um certo oriente (2024, dirigido por Marcelo Gomes | Brasil)
Esse será o filme de abertura do festival, que novamente vai acontecer na Ópera de Arame, um dos cartões postais mais conhecidos de Curitiba. Só a experiência de assistir um filme lá já é incrível, daquelas que não é sempre que a gente tem. O filme é baseado no romance do escritor amazonense Milton Hatoum e conta a história de dois irmãos, Emile e Emir, que embarcam do Líbano para o Brasil em uma viagem cheia de altos e baixos e conflitos entre eles. Marcelo Gomes é também o diretor do documentário Estou me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar, que talvez você conheça.
4. Era Uma Vez Beirute (Kanya Ya Ma Kan, Beyrouth, 1994, dirigido por Jocelyne Saab | Líbano)
O filme acompanha Yasmine e Leila, duas jovens que nasceram em meio a guerra e só conheceram o país onde vivem nesse cenário de destruição. Ao visitarem um colecionador de cinema e arquivista, elas descobrem um Líbano que nunca haviam visto antes. Me chamou a atenção por trazer a discussão da importância da memória e do cinema para nos fazer lembrar daquilo que nem sabíamos que existia e compor uma nova perspectiva de ruas que conhecemos tão bem de outra forma. Faz parte da Mostra Olhares Clássicos e será exibido junto com o curta As mulheres Palestinas.
Esse filme tem ambas as sessões no Cine Passeio e as duas já estão bem cheias, é bom ficar ligado!
5. Greice (2024, dirigido por Leonardo Mouramateus | Brasil)
Filme da mostra competitiva brasileira, conta a história de Greice, uma jovem brasileira que estuda e trabalha em Lisboa e que um dia, após conhecer Alfonso, desata uma sequência de acontecimentos que a trazem de volta para o Ceará. Todos os comentários que eu já li sobre esse filme indicam que ele é muito divertido e eu estou super curiosa com ele.
6. Um é Pouco, Dois é Bom (1970, dirigido por Odilon Lopez | Brasil)
Também da Mostra Olhares Clássicos, temos mais um filme andante! Ele é composto por dois contos e acompanha as andanças de seus protagonistas pela vida urbana de Porto Alegre dos anos 60, debatendo questões sociais, raciais e a marginalização. O filme é o primeiro longa dirigido por uma pessoa negra no sul do Brasil e vai ter a sua cópia restaurada estreando no festival.
7. Do Tempo Que Eu Comia Pipoca (2001, dirigido por Heloísa Passos, Catherine Agniez | Brasil), Osório (2008, dirigido por Heloísa Passos, Tina Hardy | Brasil) e Viva Volta (2005, dirigido por Heloísa Passos | Brasil)
Os curtas da curitibana Heloísa Passos fazem parte da Mostra Exibições Especiais e serão exibidos juntos em uma mesma sessão. Em Do tempo que eu comia pipoca, seguimos a protagonista, interpretada pela curitibana Guta Stresser, em uma andança pelas ruas de Curitiba, redescobrindo a cidade e relembrando o passado após ter vivido em outro lugar (o trailer é lindíssimo e traz vários pontos bem conhecidos do centro). Em Osório, há um momento de observação dessa praça tão famosa da cidade, vista pela janela de um dos apartamentos ao redor. É sempre ótimo ver a própria cidade na tela e estou bem curiosa com esses aqui. No caso do último curta, Viva Volta, o cenário muda e se volta para o reencontro do trombonista Raul de Souza com sua amiga Maria Bethânia e o estado do Rio de Janeiro.
Ambas as sessões são no Mueller e já estão quase esgotadas, para você ver como essa está requisitadíssima. Corre lá!
8. Quem É Essa Mulher? (2024, dirigido por Mariana Jaspe | Brasil)
Mais um filme da competitiva brasileira, aqui acompanhamos a historiadora Mayara, que parte em uma grande andança pela Bahia em uma pesquisa sobre Maria Odília Teixeira, a primeira mulher negra médica do Brasil. A história da pesquisadora e da médica vão se entrelaçando e mostrando o que há em comum para elas, mesmo com esse século que as separa. Eu gosto muito dos filmes que investigam a história de outras pessoas e que mostram a relação profunda que criamos com elas, e estou bem curiosa com esse aqui!
9. A cápsula (2024, dirigido por Ribamar Nascimento | Brasil)
Esse é um filme da Mostra Mirada Paranaense e é uma história de ficção científica que se passa em Maringá, no Paraná. Ele considera uma realidade distópica em que a água se tornou escassa e é o bem mais precioso daquela sociedade. Mariana e seu irmão Dinho encontram uma cápsula do tempo, daquelas que contém objetos e informações para serem abertas no futuro e descobrem como era antes o lugar onde vivem. Tretas vão acontecer e os protagonistas se jogam em processo de desvendar os mistérios do passado. Me chamou muito a atenção pelo visual e parece ter uma história super interessante.
O filme está com a sessão do Mueller quase esgotada. Corre lá!
10. Salão de Baile (2024, dirigido por Juru e Vitã | Brasil)
O filme de encerramento do Olhar deste ano é um documentário que apresenta a cultura Ballroom nas Houses fluminenses, em uma mistura de influências estrangeiras com a cultura brasileira, criando um mundo cheio de dança, música e performance no cenário das experiências queer periféricas e racializadas. Parece ser muito interessante e também divertidíssimo!
Outros longas
Há vários filmes que eu ainda não sei muita coisa a respeito, mas que também me chamaram a atenção por vários motivos. Por isso, mantenho a minha lista sempre extensa, cheia de vários outros filmes para ficar de olho. São eles:
Eu Não Sou Tudo Aquilo Que Quero Ser (2024, dirigido por Klára Tasovská | República Tcheca, Eslováquia, Áustria): Apresenta a vida e o trabalho da fotógrafa tcheca Libuše Jarcovjákové e parte de relatos dos seus diários e de suas fotografias, além de suas andanças por Praga, Berlim e Tóquio.
O Sol das Mariposas (2024, dirigido por Fábio Allon): a história se passa no interior do Paraná nos anos 70, com Marta lutando para manter seu sítio e construindo uma relação mais forte com sua colega Juliana. Com isso, ela descobre um ambiente hostil e conservador ao seu redor. O filme está quase esgotado em ambas as sessões e é um dos mais procurados até agora!
Sherlock Jr. (1924, dirigido por Buster Keaton): Um dos grandes clássicos do cinema, o filme completa 100 anos neste ano e só a chance de poder assisti-lo no cinema já garante para ele um lugar na lista dos imperdíveis!
Lagoa do Nado - A Festa de Um Parque (2024, dirigido por Arthur B. Senra): da Mostra Foco, documenta a movimentação da população para salvar uma região de um lago em Belo Horizonte nos anos 80.
Jean Genet Agora (2023, dirigido por Miguel Zeballos | Argentina), que parece ser lindo.
E outros: A Guerra do Pente; Sem Chão; Ouvidor; Lista de Desejos Para Superagüi; Mário de Andrade, o Turista Aprendiz; Idade da Pedra e O comboio do medo.
Outros curtas
O mesmo acontece com os curtas. Estão na minha lista:
Caravana da Coragem, Cavaram uma Cova no meu Coração, O Lado de Fora Fica Aqui Dentro, Se Eu Tô Aqui é Por Mistério, Contrações e Jacu Herói.
Por hoje é só! Falta 1 semana para o Olhar começar e ainda tem um tempo para organizar a programação e garantir os ingressos, principalmente para as sessões mais requisitadas. Se você não vai estar por aqui, vale salvar esses filmes na lista para quando esbarrar com eles de novo.
E até o próximo passeio :)
Apoie nossas Andanças <3
A Andanças é uma newsletter totalmente gratuita. Se você gosta dos nossos passeios e gostaria de contribuir financeiramente com meu trabalho, pode fazê-lo pelo pix: lpmanske@gmail.com
Que maravilha de seleção, vou ficar de olho nesses que devem entrar na MUBI ;)
dicas anotadas. tomara que cheguem no festival do rio ou nas salas comerciais. 🙌