
Ah, o fim! Esse é aquele momento em que a gente chega na última parada do último passeio desse longo trajeto e percebe tudo que percorreu até chegar ali. Tem aquele gostinho de cansaço extremo, de missão cumprida, de sede de uma cerveja gelada em uma mesa ao ar livre por aí, da risada aliviada de ter feito tanto e ganhado mais do que poderia imaginar.
2024 foi gigante. Assim mesmo, aberto à múltiplas interpretações. Não parece que janeiro aconteceu há anos atrás? Estávamos aqui falando sobre Vidas Passadas e choradeira no cinema sob o ar condicionado e de repente já é natal. Não acho que tenha sido só uma questão do tempo passando, mas também da imensidão de tudo que foi vivido. A gente passou por muita coisa esse ano, não é? Mudou, recomeçou, levantou discussões, refletiu, chorou que se acabou até soluçar. Seguiu caminhos por onde não há mais volta. E agora estamos aqui. Exaustas, talvez em pedaços talvez inteiras, emocionados, esperançosos. De pé.

Olhando para trás, talvez faça mais sentido pensar o ano em estações. Foi um verão em que eu fui no cinema muitas vezes, meses de salas lotadas, de agitação nas alturas por conta do Oscar. Foi tempo de várias reflexões por aqui também. De pensar na velocidade das coisas, no tempo que a gente precisa para digerir o que vimos e o que criamos, para se recuperar. Pensar em uma desaceleração quando tudo parecia tão caoticamente acelerado, empurrando a gente para o próximo e o próximo e o próximo. O outono trouxe outros agitos, com festival acontecendo e uma imersão de sessões diárias que me deixaram com uma ressaca de cinema nos meses seguintes. No inverno, é mais difícil juntar energia para andar lá fora e o ritual de ir ao cinema com frequência se perdeu. De assistir em casa, em partes, também: os meses de inverno transbordaram por aqui, seguidos de uma primavera tão agitada quanto.
Embora o ritmo do ano tenha mudado consideravelmente com as estações, as reflexões que nasceram no verão acabariam abarcando o ano inteiro. Ainda que meu experimento de ir ao cinema com frequência não se sustentou mais depois do primeiro semestre, a ideia de fazer do ato de assistir filmes um ritual ficou comigo durante todo esse tempo. Fui aos poucos, com calma, devagar. Há muita coisa que eu ainda não vi e que vou ver com certeza, quando chegar a hora. 2024 foi um ano cheio de pressas para muitas coisas, mas não para isso. Ainda bem.

Talvez esse tenha sido um dos anos mais difíceis que eu vivi até aqui, mas foi também um dos anos em que mais coisas boas aconteceram. Um ano cheio de emoção que me revirou do avesso de todas as formas possíveis. Muito disso veio para as nossas edições, e uma boa parte ainda vai demandar um tempo de digestão, de compreensão, de assimilar os sentimentos que ainda pulsam e que vão precisar sair em algum momento também.
Depois de tanta caminhada, eu definitivamente não sou mais a mesma e isso vale para a Andanças também. Foi o primeiro ano em que a newsletter seguiu inteira sem parar nenhuma semana. Em 2024, tivemos exatas 50 edições, com esta inclusa. Foram 26 cafezinhos e 24 andanças com os nossos filmes e séries queridas. A partir do meio do ano, passamos a ter também nossas seções extras, que renderam mais 8 textos de críticas e 1 texto de cobertura de festival. Nosso mês mais agitado foi agosto: 3 edições andantes, 2 cafezinhos e 2 críticas. Ufa!

Foi de longe, o ano mais movimentado aqui nas nossas andanças, cheio de coisas para pensar, conhecer, discutir e compartilhar. Eu não vou me atrever a fazer uma retrospectiva completa dessa vez porque a essa altura, honestamente, o meu cérebro já não está funcionando direito e eu certamente deixaria muita coisa e muita gente de fora. Então, como já é de praxe nos nossos finais de ano, agora chegou aquele momento de descansar os pés, sentar no sofá um pouquinho e preparar o corpo e a mente para os próximos passeios que virão.
Quero deixar aqui o meu IMENSO agradecimento a você que esteve junto nessa grande andança de 2024. Sério. Eu sou essa pessoa que está do lado de cá escrevendo esse monte de coisa que vem na cabeça e no coração, mas tudo isso aqui só faz sentido porque há alguém do outro lado lendo, sendo tocado pelo texto, se emocionando, refletindo, compartilhando histórias. Cada vez mais gente chegou para caminhar junto e isso me deixa maravilhada sempre.
Foi incrível poder caminhar ao seu lado neste ano. Desejo a você um ótimo descanso, um feliz natal e um incrível ano novo. Vai ter muito chão para gente percorrer no ano que vem e te espero aqui para o nosso próximo passeio <3
Muito muito obrigada por caminhar comigo.
Até 2025 :)

A Andanças entrará em recesso a partir desta semana. Retornamos com um cafezinho no dia 8 de janeiro, para quem apoia a newsletter, e com uma edição andante no dia 15. Durante esse tempo eu também estarei pensando nos nossos próximos passos, temas e filmes e, aproveitando essa deixa, eu adoraria saber:
O que você quer ver na Andanças no ano que vem?
Vou deixar aqui o link de um formulário para você preencher e dar sugestões, se quiser. Serei muito grata a quem puder participar! Nele tem apenas duas perguntas: o que você gostaria de ver na Andanças no ano que vem (vale indicação de temas e também de filmes e séries!) e uma outra caixa aberta para sugestões gerais, comentários, críticas, etc. É tudo anônimo, mas fique a vontade de assinar o seu nome se quiser :)
Para responder é só clicar aqui.

Alguns links antes de ir
Nesse mês tivemos três textos aqui na newsletter:
Andanças #108: Lisbela e o Prisioneiro: nosso passeio de dezembro foi com uma das histórias de amor mais bonitas do cinema brasileiro <3
#109 Um cafezinho: os filmes que eu mais quero ver em 2025: no nosso cafezinho para apoiadores, uma lista (formada por outras três listas menores) dos filmes que eu estou mais ansiosa para ver no ano que vem. Tem muuuuita coisa boa e alguns já estreiam logo nos primeiros dias de janeiro. Reuni os filmes listados e mais alguns nessa lista do Letterboxd.
Crítica #8: Queer: O novo filme de Luca Guadagnino estreou na semana passada e é lindo. Escrevi aqui algumas das minhas impressões sobre ele.
Aqui na Andanças temos dois tipos de edições: as andantes, como esta, que são abertas a todos quinzenalmente; e os nossos cafezinhos, também quinzenais, que são edições exclusivas para os apoiadores da newsletter. Se você quiser ler os últimos e os próximos cafezinhos na íntegra, considere apoiar a Andanças. Custa apenas 10 reais por mês (dois cafezinhos!), você ajuda a newsletter a continuar a todo vapor e ainda apoia o trabalho de uma escritora/pesquisadora independente <3
Feliz ano novo, Lu! Tudo de melhor, pra ti e suas andanças! ♥️
Feliz ano novo!! Nos vemos em 2025!
Um beijo!